Entre-Meios-Tons


Já tinha de mim mesmo encontrado o que muitos nem se dão conta. Já sabia quais pegadas eram minhas, quais estrelas havia lançado ao mar, qual dos meus dois cães mais alimentar e até mesmo qual acorde solfejar. Já sabia, do meu paladar, o meu melhor sabor e sabia de cada sentido a melhor sensação. Que dois litros d’água ao dia faz bem, eu já sabia, que comer adequadamente melhora a minha vida, também já. Que sol de menos ou de mais faz mal, estava cansado de saber.

Mas ali, naquela pauta, em plena Clave de Sol, em compasso quaternário, bem no meio daquela canção, de acordes tão sonoros, entre o mi e o fá me aparece um sustenido, ou seria um bemol?

Seria algo para destoar qualquer dó maior, mas, ao contrário, deu uma sonoridade que sequer antes existia. Era um ‘entre-meios-tons’ que me encontrava, trazendo consigo uma nova sonoridade. Lá, nesse lugar ouvi meu nome. Se, não havia antes ou depois dele, ou mesmo qualquer expressão condicionante. Até porque, poderia se encontrar fenômeno semelhante nesse lugar.

Nesse novo tom, um novo acorde se formou. Para ele não há oitava acima ou oitava abaixo, não há maior ou menor. Ele é algo tão especial que liga o meu ser à descoberta do que já existia e ao surgimento do que ainda não havia.

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2 respostas a Entre-Meios-Tons

  1. Eddie Borges diz:

    Que texto legal! Reflexão bastante apropriada sobre esta grande catarse! Gratidão pela oportunidade! Continue escrevendo e permitindo-nos viajar contigo! Grande abraço, meu amigo!!!!

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